A SAGRADA TERRA DE ISRAEL
Os cientistas conseguiram fazer a datação por carbono de estruturas e artefatos que remontam a dezenas de milhares de anos, antes mesmo de a humanidade começar a usar a palavra escrita. Uma inscrição egípcia – a Estela de Merneptah, datada de aproximadamente 1200 a.C. – menciona uma campanha na qual o governante egípcio derrotou “Israel”. Arqueólogos encontraram uma abundância de resquícios e artefatos em Jerusalém associados ao Primeiro Templo, incluindo um selo de 2.660 anos de idade (chamado de bulla) com o nome nele inscrito, em hebraico, “Natan-Melec, Eved HaMelec”, um nome difícil de pronunciar em hebraico e que está no Segundo Livro de Reis.
Nesse livro, há muitas descrições ultrajantes de dramas, lutas internas, guerras, sexo e sangue. Contudo, embora eu não possa verificar quem, exatamente, dormiu com quem, posso afirmar que, aproximadamente há três mil anos, existia um Estado judeu único, a Monarquia Israelita Unida, antes de se dividir em dois Estados judeus separados, Israel e Judá. Todos esses acontecimentos antigos e dramáticos ocorreram exatamente na mesma terra em que o Estado de Israel está localizado hoje.
Como a maioria dos reinos, aquele primeiro reino judaico chegou ao fim. Por volta de 722 a.C., o Reino de Israel foi conquistado pelo Império Assírio. O Reino de Judá sobreviveu por mais 136 anos, até que o rei babilônico Nabucodonosor o atacou por volta de 586-87 a.C., destruindo aquele Primeiro Templo construído por Salomão em Jerusalém e exilando os judeus para os países vizinhos. Esse foi o primeiro de dois exílios e diásporas judaicos. Em seguida, veio o Império Persa (que durou de aproximadamente de 586 a.C. a 332 a.C.). Ciro, o Grande, o primeiro rei do Império Persa, era realmente muito legal, e em 538 a.C., publicou o Decreto de Ciro, permitindo que todas as nações exiladas da região voltassem para suas terras natais e restabelecessem suas crenças, tradições e rituais. O Decreto de Ciro é mencionado na Bíblia, no livro de Esdras (Capítulo 1, versículos 1-4). O verdadeiro Cilindro de Ciro, que registra o referido Decreto, como mais ou menos descrito no Livro de Esdras, foi encontrado nos dias modernos no Iraque em 1879 e agora está em exibição em Londres.
Ciro não amava particularmente os judeus, mas era pragmático e preferiu permitir que todas as nações voltassem para suas antigas terras do que deixar que seu império autoimplodisse. Uma jogada inteligente, se você quiser evitar a rebelião. Isso levou ao que às vezes é chamado de o Primeiro Retorno a Sião – o retorno dos judeus à sua terra natal e a construção do Segundo Templo em Jerusalém.
Depois dos persas vieram os gregos. Em 332 a.C., Alexandre, o Grande, da Macedônia (ou da Grécia antiga, se você perguntar a um grego) não apenas assumiu o controle de Israel, mas praticamente de toda a região, desde a Grécia, através do Oriente Médio, à Mesopotâmia, Pérsia e até a Índia. Na terminologia de hoje, Alexandre, o Grande, seria descrito como um globalista. Ele era um grande defensor da fusão de culturas, motivo pelo qual sua conquista de Israel deu início ao que é conhecido como o período helenístico (aproximadamente de 332 a.C. a 63 a.C.). Em vez de matar todos os judeus, os gregos permitiram que eles vivessem suas vidas religiosas livremente, praticassem o judaísmo e se assimilassem como bem entendessem.
Antíoco III (Antíoco, o Grande) o sucedeu e continuou permitindo aos judeus que se reassentassem e praticassem o judaísmo, chegando ao ponto de reconhecê-los como cidadãos leais e importantes de seu reino.
Não foi o caso de seu filho Antíoco IV Epifânio, um cara excêntrico que costumava visitar casas de banho públicas locais e era conhecido como o Louco. Antíoco não gostava que os judeus praticassem seu judaísmo e em 167 a.C. baniu completamente a judaicidade e forçou os judeus a adorar Zeus. Essa imposição em relação a Zeus não caiu particularmente bem com os judeus, e em 167 a.C. eclodiu uma rebelião liderada primeiro por Matatias e mais tarde por um homem corajoso chamado Judá, o Macabeu, da casa dos asmoneus. De acordo com a história, Judá, o Macabeu, retomou o Templo judaico, que havia sido profanado pelos gregos, e, depois de limpá-lo, encontrou apenas uma única lata de óleo. Ele usou o óleo para acender o candelabro de sete pontas, também conhecido como menorá, e, pasmem, eis que o óleo durou oito dias. (Feliz Hanuká[iv] a todos!)
A dinastia judaica dos asmoneus governou Israel aproximadamente de 167 a.C. a 37 a.C., restabelecendo o Estado judaico e a soberania nacional. Pela primeira vez em centenas de anos, os judeus se autogovernaram novamente, não precisavam pagar impostos a um governante de fora e eram livres para praticar o judaísmo em Israel.
Aquela festa judaica terminou como a maioria das festas na região, com a invasão dos poderosos romanos por volta de 63 a.C. Aproximadamente em 66 d.C., os judeus já não aguentavam mais os romanos e começaram uma rebelião muito ambiciosa, que não terminou bem. Em 70 d.C., o imperador romano Vespasiano se cansou dos judeus rebeldes e enviou seu filho Tito para a Judeia, a fim de esmagar a revolta. Tito orquestrou um longo e horrível cerco a Jerusalém. Após meses de luta, a cidade caiu, Tito atravessou os muros, destruiu Jerusalém e queimou o Segundo Templo. Ele matou ou exilou quase todos os judeus que viviam na área, causando a diáspora número dois. Um pequeno número de judeus permaneceu na terra ainda por gerações; entretanto, como um coletivo, essa diáspora duraria até 1882. Falaremos disso mais tarde.
O Império Romano governou a terra de 63 a.C. a 324 d.C. e é responsável por algumas das mais surpreendentes obras arquitetônicas que, como grande parte da própria cidade de Roma, ainda estão de pé em toda a sua glória. Foi quando Herodes, o Grande, governou e construiu, entre outras cidades, a já citada Cesareia, bem como a série de aquedutos que meu ex-marido admirava. Ele também edificou a impressionante fortaleza de Massada, um palácio de vários níveis localizado em uma montanha no meio do nada no deserto da Judeia, onde você ainda pode encontrar os restos de gloriosos mosaicos coloridos e algumas sofisticadas saunas e spas antigos com piso aquecido. Ali também foi o local de outra rebelião judaica fracassada e de um sinistro suicídio em massa, de acordo com o historiador Flávio Josefo.
É nessa época que um judeu pobre e iluminado de Nazaré começou a vagar pela terra, pregando paz, amor, humildade e perdão. Ele realmente estava à frente de seu tempo.
Depois dos romanos, veio o período bizantino (aproximadamente de 324 a.C. a 638 d.C.), em que o imperador Constantino converteu todo o Império Romano ao cristianismo e sua mãe, Helena, construiu a Igreja do Santo Sepulcro em Jerusalém. Constantino e seu sucessor, Justiniano I, também não vibravam com os judeus sendo judeus e tentaram forçar conversões em massa. Os judeus da época sofreram muito, mas, já que estou aqui e ainda sou judia, devo supor que o longo jogo dos romanos não deu muito certo.
Por volta de 638 d.C., seis anos após a morte do profeta Maomé, seus herdeiros Abu-Bakr e Omar Ibn Al Khattab começaram suas conquistas a oeste e invadiram a terra. Essas ondas de conquistas criaram o Império Muçulmano, ou Califado, de 638 a 1099 d.C. Durante esse período, os governantes, ou califas, dividiram suas terras em regiões e chamaram o lado meridional de Israel, de Jaffa para baixo, de “região dos filisteus”, com base nos nomes regionais romanos Palaestina Prima e Palaestina Secunda.
Depois de anos vivendo sob opressores governantes bizantinos, a população judaica esperava ser mais bem tratada após a vinda do Califado. Ainda que os líderes muçulmanos não tenham massacrado os judeus ou forçado a se converterem, relegaram judeus e cristãos a cidadãos de segunda classe, denominados dhimmis, que significa literalmente “pessoas protegidas”. Esses dhimmis foram autorizados a se autogovernar, porém enfrentavam várias restrições sociais (como não andar a camelo ou a cavalo); limitações judiciais (não podiam testemunhar em um tribunal contra os muçulmanos); leis de zoneamento (suas casas tinham que ser mais baixas do que as de seus vizinhos); e impostos. Numa época em que grande parte do antigo mundo era tão malucamente violenta, caminhar lado a lado com seu cavalo ou pagar um imposto alto não era tão ruim para os povos conquistados, mas ainda assim não era prazeroso.
Em seguida vieram os cruzados, que controlaram a região de 1099 a 1260. Fiel ao seu nome e reputação, eles massacraram quaisquer não cristãos que se interpusessem em seu caminho, tomaram conta da terra e renomearam Jerusalém para “O Reino de Jerusalém”. Ao contrário dos muçulmanos, forçaram a população local a se converter ou, sabe como é, a morrer. Eles sofreram uma breve derrota para An-Nasir Salah ad-Din Yusuf, mais conhecido como Saladino, que conquistou Jerusalém em 1187, apenas para se reerguerem sob o príncipe normando, cruzado e guerreiro Ricardo, Coração de Leão, em 1191.
Setenta anos depois vieram os mamelucos, uma nação de escravos de origem mista dos Balcãs, da Geórgia, do Egito, da Turquia e de muitos outros lugares que não existem hoje. Os mamelucos se converteram ao islamismo e controlaram a terra por volta de 1260 até 1517.
Em 1517, a terra foi invadida pelo sultão turco Selim I, que a transformou em parte do Império Otomano, assim permanecendo até 1917, depois da Primeira Guerra Mundial, quando os britânicos assumiram o jogo de construção do império. O Mandato Britânico da Palestina abrangeu inicialmente das fronteiras do moderno Estado de Israel até o leste, incluindo os Emirados da Jordânia Oriental, até as fronteiras do Mandato Francês da Síria e do Iraque no nordeste e o deserto de Hejaz (atual Arábia Saudita) no sul. Em 1921, o Mandato Britânico dividiu a terra às margens do rio Jordão, e a Transjordânia (mais tarde Jordânia) foi criada. As fronteiras do Mandato Britânico então se assemelhavam às fronteiras do Estado de Israel atual, e a região era chamada de “Palestina EY”, as iniciais do nome hebraico da terra de Israel (Eretz Ysrael). O país estava sob a lei britânica, governado por um alto comissário subordinado ao secretário de Estado para as colônias no governo britânico.
Esse Mandato Britânico terminou após a Segunda Guerra Mundial quando, em 29 de novembro de 1947, logo depois do Holocausto, as Nações Unidas concederam aos judeus sua terra de volta e permitiram o estabelecimento do Estado de Israel moderno.
O que nos leva a 1948, o restabelecimento do moderno Estado de Israel.
Israel, Uma Nação Fascinante e Incompreendida (Noa Tishby, p. 17, 18, 19)
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